quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sem crise ...

Quando estou perdido , me acho ...
Jogando ideias pra passar o tempo ...
Traindo as verdades criadas em mim ...
Brincando com os próprios demônios ...
Quando quero já é tarde ...
Minha sanidade se foi ...
Luzes não brilham mais ...
Sigo a estrada sinuosa rumo ao caos ...
Quando falo , me calam ...
A tristeza tornou-se minha fã ...
Você me tem , mas não me vê ...
Vivemos uma amarga nostalgia ...
Quando tudo passar , vou sonhar ...
Querer as noites em claro ...
O vazio solitário e longo das horas ...
A "Música ao Longe ..."
O gole de vinho no canto da boca ...
"Comentários a Repeito de John ..."
Futuro breve a exitir ...
Qunado tudo acabar , terei que me contentar ...
Serei pó e ossos , a espera do novo ...
Quando chegar o momneto ... Sem crise ...

Renato Leme

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Enquanto isso ...

Enquanto eu dormia o tempo ia.
A tarde saia e a noite chegava com euforia.
Às vezes eu sonhava e o sonho ia
de encontro ao nada.
A rua, a casa, o carro , as pessoas
e tudo mais que vinha.
Desse jeito o presente partia.
Enquanto a chuva caia
eu dependurava na vidraça.
E lá longe no infinito
eu sentia a paz de estar contigo.
Um sorriso , um abraço
uma lembrança , uma saudade , pois ,
sei que tinha!
Às vezes eu dançava!
E a música trazia à esperança
que jamais fora perdida.
O reencontro! E o futuro chegara!
Enquanto isso ...
Eu ia e vinha e brincava! E pensava!
E você persistia em mim.
Enquanto eu pedia nada acontecia.
Me desesperava , caia em pranto.
Mas a dúvida é a certeza
de que um dia seria.
Às vezes eu cantava!
Rouco e tímido.
No quarto : a cama , os discos , os livros,
nossa linda vida!
Agora há o momento que ficara.
A distância que partiu.
Uma briga , um entendimento,
um beijo , um carinho ...
Ah! Sei que muito tinha!
Às vezes eu chorava um choro escondido,
perdido no meu ser , milagroso , deslumbrante!
Enquanto isso ...
O segundos corriam ...
Eu continuava indo e vindo.
Cantando , dançando e chorando ...
E nesse martírio , sempre !
Você persistindo em mim ...

Renato Andrade

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Caminhada ...




Ele já não era mais o mesmo, seus valores não mais valiam , e aquela esperança perdida que todos dizem , essa perdeu-se há tempos. A beleza dos dias tornara-se um martírio . O sorriso estava enferrujado , o corpo previamente dolorido, o coração sangrando velhas lembranças e a mente sem pudor , agindo num instinto súbito e psicótico . O que esperar quando tudo se foi. Onde andar se a estrada chegou ao fim! Visionário em outros tempos , sujeito alegre e confiante , porém a linha da vida lhe trouxe o que jamais pensara . Como chegara a esse ponto! Descrente do próprio ser, andando sem rumo e sem cartas na manga . O pretérito hoje é só melancolia , e a dádiva da sabedoria já não lhe servia. Sentado na calçada amarrando seus sapatos ele queria uma explicação . Tudo palpável a sua volta . Pessoas iam e vinham , carros passavam , o sol queimava seu corpo , o suor escorria no rosto e o desespero do fim aproximava-se. Apertou os passos calçada a frente , abaixou a cabeça , não tinha mais coragem de olhar. Desejou profundamente a cegueira, afinal ver pra que! Sua visão estava distorcida. Atravessou a rua agitada sem atenção alguma , os carros freavam , outros xingavam. Seu coração disparou , quase fora atropelado , esmagado e estarrecido ao escaldante sol de janeiro. Um baita susto! Chegou ao outro lado da rua esbranquiçado e trêmulo, mas felizmente estava são e salvo. Parou num boteco , pediu um copo com água e bebeu num só gole. Respirou fundo e foi embora. Desabotoou a gravata e continuou em sua tristeza sórdida à caminho de casa.
Gostava de voltar do trabalho a pé quase todos os dias . Caminhar o deixava relaxado, mas sempre o fazia pensar demais e distrair-se. Queria entender o que acontecia em sua alma , a vontade que não era mais vontade , a tristeza que tornou-se amiga e a rotina e o tédio , parte do dia e da noite.
Depressão , basbaquice , timidez , coisas da vida , o que! O que!
No escritório conversava com as pessoas tentava abrir-se, mas não lhe davam atenção , alguns até o chamavam de maricas , tiravam sarro e faziam piada. Todo dia o mesmo sentimento a mesma confusão e ninguém por perto pra desabafar. Lembrou dos tempos da faculdade, das noites de sexta e sábado , das garotas e da cerveja gelada. A turma que tanto amava e o tempo que não voltava! As festas , os bares , o lual na praia aos domingos . O que acontecera de errado , porque tudo acabou . Um engravatado no meio de tantos outros na selva de pedra maluca . Era tudo aquilo que nunca quis ser . Como pode ter deixado isso acontecer. Sempre achava-se tão inteligente e astuto , e na verdade era ! Mas estava feito , e nada podia mudar , um bom emprego , uma boa vestimenta e a angústia tirando-lhe a vida. Era preciso conviver com isso ou matar-se então! Talvez um dia mudaria , só não sabia como! Acreditava que certas coisas nunca mudam. Um erro precoce! Ia chegando próximo à sua casa . A mesma rua de paralelepípedo e o velho portão de grade alta. Sentia-se cansado e com fome , como todos os dias, tudo igual! Tomar um banho , comer , dormir à tarde , e quem sabe morrer dormindo! Tava aí uma idéia a se pensar , mudaria toda a história , renovaria ! Do outro lado talvez fosse mais bacana , mais interessante! O que tinha pra fazer aqui já estava feito!
Bateu o portão com mágoa e tranqüilo . Arrastou-se corredor adentro e decidiu num rápido pensamento que não queria morrer , ao menos por hoje!

Renato Leme


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Único

Desisti de ser uma pessoa só.
To aprendendo ser uma multidão.
Procurando brigas comigo mesmo.
Trocando mensagens por aí.
Desisti de ser o único.
To querendo ser milhões.
Arrumando intrigas no fundo da mente.
Mostrando desejos por aí.
Falsários amigos meus que me acompanhem.
Desistam das coisas que se foram.
Criem verdades falsas.
Dancem na contramão.
Desisti de ser sozinho.
To curtindo qualquer um.
Destruindo meus fantasmas loucos.
Rolando nada por aí.
Deixem de pensar na gente.
Sonhem com o que não se tem.
Banhem-se nas lágrimas da vida.
Sintam o que vale a pena.
Presente ... sólido ... constante ...
Prazer único ...

Renato Andrade

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Quando não há ...


Esperar pra quê .. Delirar..


Justificar em si o tormento amigo!


Abortar o inevitável .. Inabalável ..


Tramar o possível .. Sem Resistir ..


Dançar no caos .. Vibrar na Raiva ..


Publicar em si a angústia!


Sujeira nua .. Perplexidade ..


Inviável noção do ser .. Sempre!


Renato Andrade

Nulo ...

Aniquilado em pensamentos diários.
Tranquilo entendendo o nada.
Transcendendo o ócio noturno.
Ganhando tempo pra esquecer.
A idéia da existência torna-se um tormenrto.
A cura da da insanidade é agora loucura.
A mesmice é amiga fiel!
Injustiçado e feliz por ser só.
Vertigem certa ao pensar no futuro.
Querendo odiar o amor das coisas.
Morrendo pra existir.
A fala já não fala mais.
A doença é puro desejo.
A ambiguidade é um só sentido!
Sentindo a perda do chão.
Sofrer não é novidade.
Longas horas apenas esperando.
Nadando no lago de fogo.
A vida já não é capaz.
A água não mata a sede.
Incrédulo .. Gênio!
Lírico .. Informal!
Capacitadamente .. Nulo!

Renato Andrade